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terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

Kon-Tiki (2012)


Kon-Tiki, 2012. Dirigido por Joachin Ronning e Esper Sandberg. Com Pål Sverre Valheim Hagen, Gustaf Skarsgard, Baasmo Christiansen e Old Magnun Willianson.

Nota: 8.6

O cinema americano é, sem dúvidas, o detentor da maior fábrica de fazer obras cinematográficas gigantescas, daquelas de tirar o fôlego, e mesmo sem contar com um bom roteiro, acaba convencendo o espectador pelo espetáculo em cena. Mas coube aos cineastas noruegueses Joachin Ronning e Esper Sandberg levar uma das mais fabulosas histórias reais de aventura que se tem notícia às telonas. A viagem do explorador Thor Heyerdahl da América do Sul à Polinésia em 1947, usando o mesmo tipo de embarcação que os nativos teriam usado na época.
Quando estava com a esposa em uma viagem pela Indonésia, Thor (Pål Sverre Valheim Hagen) ouve de um local que a origem de sua espécie era “o por-do-sol”, ou seja, a América do Sul. Com sua tese em mãos parte para a América na tentativa de publicá-la, entretanto esbarrou na falta de provas sólidas de seu estudo. Com uma idéia maluca na cabeça, e doações do exército norte-americano, reúne cinco homens e parte para a expedição. Aos poucos vai percebendo que tudo seria bem mais difícil do que imaginava, e em alto-mar, a única ajuda que teriam seria a da fé em seus companheiros.
A história original da expedição Kon-Tiki é mostrada de forma absolutamente real, o que foi facilitado pelo documentário feito a bordo por um Thor, com a ajuda de Bengt Danielsson (Gustaf Skarsgard), e o livro publicado também por ele. O roteiro de Petter Skavlan tem o grande triunfo de manter toda a mística da viagem, mas seu maior acerto foi incluir tudo o que aparece quando pessoas diferentes ocupam um pequeno espaço: conflitos diversos. A desconfiança gerada pela falta de comunicação, a rota que estava fora do esperado, tudo contribuindo para um péssimo andamento da viagem.
Além disso, a questão da vida pessoal de Thor, as dificuldades de se entender com a esposa, que não aprovou a incursão, dão uma quebra no excesso de tensão que obviamente se cria em uma situação destas. Os motivos são expostos através de flashbacks, e no fim, o público não toma partido, apenas observa sem ser o inquisidor, fato que geralmente o cinema americano faz questão de impor. Apesar disso, quando entra na reta final, o sentimentalismo entre os tripulantes extrapola, e quase coloca tudo a perder.
A produção do filme é sensacional, ainda mais se pensarmos que não é um produto hollywoodiano. As cenas exuberantes, com uma fotografia que consegue acompanhar a as mudanças climáticas e do comportamento dos personagens. Os efeitos de câmera tornam a concepção do filme inacreditável, pois a sensação de isolamento proporcionada pelos travellings, com a imensidão azul por todos os lados, é de uma qualidade invejável. Ainda tem a sequência da captura de um tubarão, com tensão e muito sangue, de uma veracidade que chega a dar náuseas.
Um longa que merece ser visto, tanto pela história inacreditável, quanto pela produção requintada e cuidadosa, que não se deixa levar pelos exageros. Se fosse um filme americano teria uma enxurrada de premiações e outras tantas indicações ao Oscar, entretanto ficou apenas entre os finalistas de filme estrangeiro. Mais um bom trabalho do cinema norueguês, que também lançou recentemente premiado Oslo, 31 de agosto, uma lição para os países emergentes do meio cinematográfico para mostrá-los que há boas histórias dentro de seus domínios, e que o mundo precisa conhecer.
* Só por curiosidade, o documentário que foi gravado durante a expedição ganhou um Oscar, agora o filme também terá a chance.  

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