Snow White and the Huntsman, 2012. Dirigido por Rupert Sanders. Com Kristen Stewart, Chris Hemsworth, Charlize Theron, Sam Clafin, Ian McShane, Toby Jones e Bob Hoskins.
Nota: 6.7
Quase dois meses depois de Espelho, espelho meu, mais uma
adaptação do conto dos Irmãos Grimm, datado do século XIII, e
imortalizado pelos estúdios Disney em 1937, chega aos cinemas com uma
pegada mais sombria e assustadora do que a original e substituindo os
"sete anões" pelo caçador no título. Entretanto, Branca de Neve e o Caçador
mostra-se bem inferior à sua pretensão e, se não fosse pelo fator
novidade e a boa atuação de Charlize Theron como a rainha má Ravenna,
seria inferior ao seu "irmão" dois meses mais jovem.
A história quase todo mundo conhece. A rainha má Ravenna (Charlize
Theron) casa-se com o rei, mas logo dá um jeito de "dar cabo" dele, e
mantém em cárcere a enteada Branca de Neve (Kristen Stewart). Quando o
espelho mágico revela que a moça já havia lhe superado em beleza, ela
decide também dar fim à jovem e, com isso, ter a juventude eterna.
Porém, Branca consegue fugir e a rainha manda o Caçador (Chris
Hemsworth) em seu encalço e levá-la de volta ao castelo. Mas as coisas
mudam e os dois se unem para comandar a rebelião que poderá colocar fim à
tirania da vilã.
O roteiro é ambicioso. Desvirtuar o texto original de uma forma que
ganhasse ares épicos e elementos fantásticos que remetem a grandes obras
do gênero como O Senhor dos Anéis e As Crônicas de Nárnia
foi um trunfo que chama maior atenção para o filme. Além disso, a
construção de uma nova Branca de Neve, não mais frágil e dependente como
nos textos anteriores, como uma guerreira e líder, também foi uma
surpresa. A personagem ficou evidentemente inspirada em Joana D'arc
(tanto que ela reza e comanda uma batalha usando armadura).
Porém, a concepção não sai como o esperado. O diretor Rupert Sanders
conduziu um filme apressado, que não soube aproveitar da boa fotografia
que o cenário natural britânico oferece. O roteiro torna-se vago e
previsível com o passar do tempo, e parece ficar indeciso a respeito de
qual rumo tomar. As situações-chave soam pueris, como por exemplo, o
Caçador sai à procura de sua presa, a encontra tão rápido quanto se
rende aos encantos da mocinha, sem ao menos uma tensão dramática. Além
disso, a forma em que os anões entram na história é estereotipada, já
que a eles ficar incumbido o mote cômico era mais do que esperado. O
interesse pela história vai, aos poucos, se degradando, principalmente
quando a personagem de Theron vai perdendo espaço para um pseudo romance
triangular de Branca de Neve com o seu amigo Willian (Sam Claflin) e o
Caçador.
Em seu processo para se desvencilhar da Bella Swan da saga Crepúsculo,
Kristen Stewart perdeu a primeira chance. Em meio ao ar fantasioso do
filme, é possível reconhecer a menina apaixonada pelo vampiro Edward, o
que não condiz com a realidade desta nova Branca de Neve, guerreira e
determinada. Chris Hemsworth é limitado, e totalmente refém de sua falta
de talento. O excelente time de "anões" comandado por Bob Hoskins, Ian
McShane e Toby Jones, que só pelo seu talento fazem as tiradas cômicas
bobas serem engraçadas. Mas quem "salva a lavoura" mesmo é Charlize
Theron. Sua Ravenna é assustadora e seu comportamento transtornado prova
que pode ser a grande atriz que se mostrou em meados da década passada.
No fim das contas fica a impressão que esta versão de Branca de Neve
merecia muito mais do que foi mostrado na tela. Talvez uma duração maior
da película daria às sequências o sentido que não tiveram e uma
inserção maior de criaturas fantásticas e batalhas o transformariam no blockbuster que não se tornou. Sobrou um filme adulto feito para crianças, que é assustador, violento e obscuro, porém, bobo e superficial.
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